Relacionamentos

Sobre amizades tóxicas – você já teve ou você já foi ?

Vamos começar com uma verdade extremamente dolorosa e desconfortável de se ler: todos nós somos um pouco tóxicos. E não, não adianta nada surtar, negar e parar de ler esse texto imediatamente porque essa atitude seria apenas colocar um problema real de lado e seguir a vida esparramando pequenas doses de toxicidade. Nos nossos relacionamentos amorosos, com familiares, na roda de amigos ou no trabalho, nossa cobrinha tóxica interior passa por cima de qualquer razão e limite atacando e ferindo tudo e todos pela frente. Colocamos as pessoas para baixo, fazemos comentários desnecessários, tomamos atitudes que não são tão legais e até questionamos as escolhas que o outro fez. Mesmo sem ter a intenção. Mesmo sem querer. 

Acredito que o primeiro passo para falarmos sobre amizades tóxicas é admitir que todos temos pelo menos um pequeno grau desse traço na nossa personalidade. Cabe a nós entender onde estamos errando e como podemos melhorar. A famosa história do fazer a nossa parte.

Eu tive amigos tóxicos em algumas fases da minha vida, e pasme, mesmo sendo pessoas e momentos totalmente diferentes as atitudes eram exatamente iguais. No fundo eu sabia que aquelas amizades não estavam me fazendo bem, que existiam coisas muito erradas, mas eu não conseguia sair dali. Parecia que eu precisava da aceitação daquelas pessoas, precisava estar inserida naquele meio. 

Em nenhum momento eu contestava, brigava, levantava a voz, mesmo percebendo que eu era feita de trouxa e que discordava de inúmeras atitudes por parte delas. Eu aguentava aquelas situações porque acreditava que estava tudo bem, ficava quieta porque achava que era a melhor forma de lidar com isso e que tudo aquilo fazia parte de quem a pessoa era, então se eu queria ser amiga dela, precisava me encaixar ali.

Minha amiga tóxica da faculdade pintou e bordou, não só comigo, mas com as meninas que conviviam com a gente e com todos os outros círculos de amizade que ela passou depois do nosso. Falou o que quis e o que não quis. Teve atitudes inimagináveis. Tudo dela era mais perante o outro. As dores e os problemas dela eram muito piores, o celular dela era 10x melhor, a comida e a maquiagem que ela fazia eram perfeitas e deixavam a sua no chinelo. Não somente ela precisava se destacar e mostrar como ela era especial dentro do grupo, como deixava claro que o outro não sabia fazer e que quando fazia, era errado e mal feito.

E sim, ela realmente tinha problemas muito sérios, o celular era um dos últimos lançamentos da marca da maçã, tinha facilidade para entender as matérias de cálculo da faculdade e sabia cozinhar. Estou longe de contestar os problemas, posses e até habilidades dela, mas sim, a maneira que ela se portava – e eu acredito que se porte até hoje – perante os outros. Mesmo em coisas banais e passageiras, ela era o destaque / a última bolacha do pacote / a última gota de água do deserto e por aí vai. Ela tinha uma autoconfiança e um ego tão altos que acreditava ser a melhor em tudo o tempo todo – e deixava isso muito claro pros outros.

Essa amizade não foi longe, mas durou tempo suficiente para que eu ficasse triste, para baixo, criando coisas na minha cabeça e me sentindo insuficiente.  Por inúmeros motivos nós nos afastamos, e quando ela me pediu desculpas e falava em ter uma amizade mais transparente e toda ladainha que você pode imaginar, eu já enxergava com bastante clareza o que vivi ao lado dela e entendia que não queria manter perto de mim uma pessoa que me causou tanto mal – que se eu tivesse que fazer duas listas, uma de coisas boas e a outra de coisas ruins, pensando com a forma mais sensata e coerente possível, só teria itens na de coisas ruins. Numa breve pesquisa que fiz dentro da minha bolha social no meu Instagram, de 100 pessoas que participaram, 98 responderam que já tiveram amigos tóxicos. Você entende como isso é preocupante ?

Não foi com a intenção de dar o troco na mesma moeda e, pra ser sincera, não pensei muito no que estava fazendo, mas depois disso fui tóxica com ela também. Não fiz coisas e comentários muito legais e revirava os olhos toda vez que ela falava alguma coisa. E é aqui que entra a tal da cobrinha tóxica interior que todos temos que citei lá no começo do texto.

Amigos de verdade não contam vantagem em cima do outro, não querem ser melhores em tudo e não viram melhores amigas do seu ex namorado da noite pro dia. Amigos não te traem, não te machucam e fecham de verdade com você, independente da situação. Te escutam, te apoiam, te ajudam a superar momentos difíceis e te jogam um balde de água fria quando necessário. Eles significam leveza, parceria, respeito e troca genuína.

Você já teve algum amigo tóxico ? Sente que já foi tóxico com seus amigos ? Comenta aqui em baixo ou escreve um email pro contato@ahelenameyer.com me contando sobre a sua experiência.

Gosta de ler meus textos? Assine gratuitamente a newsletter e receba duas vezes por mês conteúdos escritos exclusivamente para que ama a página.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *