Vida

Tempo

Meses atrás escrevi em um dos meus textos que seria muito fácil dividir o tempo que temos no dia entre atividades que fazem realmente sentido para nossa vida.

Mesmo não sendo uma pessoa super compromissada, para mim, distribuir às 24 horas do dia entre essas tarefas é um desafio.

Sendo bem realista: eu não tenho muita coisa para fazer. Minhas atividades que mais demandam tempo são: trabalhar, manter os meus relacionamentos e dormir.

Se eu não trabalho não tenho o meu dinheiro – e apesar de dinheiro não ser tudo, independência financeira é um fator-chave na vida.

Se eu não durmo e a minha mente não descansa minimamente, não tenho forças feat energia para cumprir a minha agenda do dia seguinte.

E lógico, se eu não cuido dos meus relacionamentos com pessoas queridas, fico sozinha no mundo. É importante manter contato com aqueles poucos e bons, sabe? Nem que seja com aquela amizade que você não tem mais contato todo dia, mas quando a conversa vem, ela flui – como se tivéssemos nos encontrado pela última vez ontem.

Além disso, me esforço para ir à academia (tem dias que eu não me esforço muito não), gosto muito de preparar a minha comida, faço aulas de inglês duas vezes na semana, mantenho uma rotina de publicações aqui no blog, de vez em quando assisto uma série nova, cuido das minhas unhas e do meu cabelo, faço terapia e por último, mas não menos importante – tento manter a casa meio organizada e limpa.

Gosto de tomar meu cafezinho da manhã, de estudar inglês e identificar os meus avanços. Amo ir a uma praia diferente e ficar jogada na areia aos finais de semana e sinto um prazer gigantesco quando vejo meu bloco de notas do celular cheio de pequenos parágrafos e ideias que tenho durante o dia, que após organizadas viram os meus textos.

Em uma das nossas muitas sessões, minha terapeuta pediu para eu fazer anotações de todas as minhas tarefas dos dias com o tempo aproximado designado para cada uma.

Essa lista deveria ser de coisas feitas e não de coisas a fazer porque toda vez que deixamos de finalizar uma lista diária de metas, ficamos com aquele sentimento de culpa por não ter feito algo importante – e você já sabe o resto.. É mais ou menos como a to do list do trabalho que riscamos um item, adicionamos três e nunca a concluímos.

Nessa lista, ainda fiz questão de adicionar atividades diárias básicas e relativamente simples, como tomar banho e comer.

É um exercício de autoconhecimento barato, simples e bem interessante.

Escrever num papel nos permite enxergar com clareza a forma que gastamos o nosso tempo. E convenhamos – tempo é um recurso extremamente limitado.

Tenho a impressão que ele voa. As horas, os dias e a semana parecem sumir e mesmo fazendo tudo que eu precisava, sinto que, no fundo, deixei de fazer muitas coisas que eu queria.

Mesmo considerando que dormimos bastante (tipo um terço da vida), para mim, o sono é inegociável.

Aquela romantização do estude enquanto eles dormem, trabalhe enquanto eles descansam e todas as outras frases motivacionais que nos induzem a abdicar do sono e virar um zumbi em prol da produtividade é a porta de entrada de um dos muitos buracos que nos carregam para uma síndrome de burnout* e outros problemas de saúde extremamente sérios.

Dormir é uma necessidade humana básica assim como ir ao banheiro ou se alimentar.

No mundo ideal dos médicos especialistas, dos contos de fadas, e da CLT: um terço do dia seria exclusivamente dedicado ao nosso sono, no segundo terço somos livres para meter o louco e fazer o que quisermos – de preferência dentro da lei – e nas oito horas restantes, estamos trabalhando.

Agora, sendo muito realista – eu, você e o resto do mundo sabemos que dedicamos mais do que apenas oito horas por dia aos nossos trabalhos. É em prol dele que, muitas vezes, abrimos mão de dormir, de dedicar um tempo aos que amamos ou até dos cuidados com a nossa saúde.

Seja cumprir aquela meta, entregar um trabalho ao qual nos comprometemos, ajudar o colega que está com alguma dificuldade, ter o salário um pouquinho maior por conta das horas extras, aquela folga na última sexta-feira do mês ou somente porque não queremos causar aquela indisposição (treta) na equipe: nós dificilmente falamos não para o trabalho.

Não estou aqui pra julgar se isso é certo ou errado, muito menos ditar como você deveria fazer. Eu também falo muito mais sim, do que não para a minha carreira.

É muito fácil dedicar mais de um terço do nosso dia a nossa vida profissional.

Agora, meu caro lírio do campo: precisamos trabalhar porque precisamos de dinheiro para viver. Entenda como viver necessidades bem básicas como poder comprar uma cama.

Se depois de tudo que escrevi você ainda não entendeu sobre o que estamos falando aqui, vou ser mais clara:

Vendemos e desperdiçamos a única coisa que não podemos comprar ou ter de volta – nosso tempo.

Depois que tiramos o básico e essencial, além das poucas horas que sobram – existe o tempo que vendemos em troca de dinheiro.

Refletir sobre o que eu estava fazendo com meu tempo tornou-se crucial na minha vida, principalmente quando percebi que não era feliz com meu trabalho.

Esse sentimento respingou como se fosse água em outras áreas da minha vida: vivia esgotada, não dormia nem comia direito e sabia que recebia pouco em troca – mas que era o que o mercado pagava.

Pra mim não estava bom, e se tivesse seguido a vida daquele jeito, em pouquíssimo tempo teria desenvolvido problemas sérios.

Na maioria das vezes, por não ter muita escolha – nos vemos trocando momentos significativos pelo nosso trabalho – então, vou bater eternamente na tecla de que nos identificar, gostar minimamente do que estamos fazendo durante essas oito horas do dia e receber retorno por isso é uma das coisas mais justas que podemos fazer por nós mesmos.

Ainda vou além. 

Parar e refletir, com calma, sobre como estamos distribuindo nosso tempo deveria ser um exercício constante. Realmente estamos satisfeitos com o que está acontecendo? Será que não chegou o momento de rever um ponto ou outro?

Tenho 25 anos e tenho a intenção de viver muito, mas, sendo extremamente racional, não sei quanto tempo resta a mim e aos que amo, então, durante esse período quero colocar meus esforços no que e em quem realmente importa. 

Quero ser coerente com as minhas vontades e utilizar meu tempo o melhor possível, porque ele não volta.

* Caso você não saiba o que é síndrome de burnout, gostaria de te indicar o conteúdo da Fe Neute – é um vídeo de quinze minutos que explica super bem o assunto! Particularmente, acho que cada minutinho vale muito a pena. Para ver, clique aqui

Se você gostou / se identificou com o conteúdo de hoje me conta aqui nos comentários! Adoro saber a opinião de vocês e seguir debatendo sobre o que foi escrito 🙂 

2 comentários

  • Luana Kendra

    Helenaaaa!!!
    Que texto mais necessário e incrível! Parabéns!! Concordo com cada palavrinha! Quando trabalhava em algo que não gostava era um tormento ter que acordar, e hoje trabalhando com o que eu gosto acordo a hora que for e super disposta (claro que há os dias que não tô mto bem, mas nem por isso significa que não ame o que faço). Quando trabalhamos com o que amamos nada é um sacrifício, cada dia é uma realização ✨✨✨

    • Helena Meyer

      Lu!! Obrigada pelo comentário Trabalhar com algo que gostamos, pra mim, é um dos primeiros passos pra aproveitar um poquinho melhor o nosso tempo. Acho que tudo passa tão rápido.. merecemos né?!

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *