O caminho que trilhamos durante a vida e as pessoas que amamos.
Sabe aquela expressão que fala sobre colocar uma pessoa num potinho e carregar ela por onde você for?
Seria maravilhoso ter todos aqueles que amo por perto, poder levá-los comigo para qualquer lugar e conciliar a presença deles com o vai pra lá e vem pra cá da vida, somado aos meus maiores sonhos.
Escrever sobre pessoas queridas é especial e, ao mesmo tempo, desafiador.. Foram tantas as transformações e curvas dos últimos anos que há tempos as coisas não são como antes.
Aliás, preciso confessar que sinto muito por isso.
Meus círculos de amizade quase sempre foram com pessoas que compartilhavam a rotina, opiniões e interesses semelhantes aos meus.
A Helena de alguns anos atrás imaginava o hoje com todos os amigos por perto. Lembro-me que o contrário disso não costumava ser uma possibilidade.
Hoje é louco pensar como seguimos caminhos diferentes uns dos outros.
A ideia inicial era muito promissora: compartilhar de pertinho com aqueles que amo as minhas maiores conquistas.
Com o tempo esse cenário mudou e muito do que foi idealizado pro futuro, não aconteceu.
Falando nisso, idealizamos coisas que não se concretizam assim como coisas incríveis acontecem da forma mais despretensiosa possível.
Viver longe dos amigos e sair da zona de conforto daqueles que conhecemos dificilmente está nos nossos planos porque, encontrar pessoas que se preocupam genuinamente conosco, que nos cedem palavras de apoio, nos fazem rir nos momentos menos prováveis, que sempre estão por aqui quando precisamos para nos mostrar outra perspectiva de tudo e que são amigos de verdade, é difícil.
Criar novos laços não é algo simples.
Quando fui embora da casa dos meus pais e da cidade que cresci, deixei pra trás um pedacinho de pessoas muito especiais e das histórias que vivemos juntos.
Do ensino médio, das festas e viagens, dos anos da faculdade, daquelas jantas que envolviam pouco dinheiro, pouca comida e uma quantidade bem considerável de álcool. Com certeza guardo coisas que seriam suficientes para escrever inúmeros textos só sobre essa parte da minha vida.
Tive o prazer de dividir ótimos momentos com vocês.
Sair da caixinha das minhas expectativas me fez perceber que nossos caminhos podem seguir direções muito diferentes.
A minha nova rotina, somado ao viver numa outra cidade completamente diferente da que eu estava acostumada, onde eu não conhecia ninguém – me trouxe uma visão diferente de tudo.
Mudanças bruscas na nossa rota nos permitem uma reavaliação dos nossos círculos sociais e de nós mesmos. Essas revisões que fazemos da vida de vez em quando fazem parte do nosso desenvolvimento como seres humanos.
Assim como as coisas e oportunidades, pude perceber que as pessoas vêm e vão. Nós nos reaproximamos, reencontramos e nos distanciamos uns dos outros o tempo todo.
A vida é uma constante mudança. Poderíamos nos lamentar eternamente pelas perdas que sofremos no caminho – ou escolher encarar uma visão um pouco mais positiva disso: mudanças significam progressos.
Mesmo sem ter ideia do que estamos fazendo da nossa vida, estamos caminhando para algum lugar.
Sem progresso ficamos eternamente estagnados e presos naquilo que conhecemos e julgamos como única verdade.
É por causa dessas perdas e movimentos que desenvolvemos maturidade para entender quem é o colega, quem está próximo exclusivamente por interesse, identificamos os amigos falsos e finalmente enxergamos quem fecha de verdade com o que somos – quais são as pessoas que queremos carregar por perto pelo resto dos nossos dias.
Tenho amigos que se tornaram empreendedores e o negócio deu super certo. Tenho aqueles que, assim como eu, fizeram uma transição de carreira e trabalham com algo totalmente fora da nossa área de formação. Tem os que já estão casados, os que tem filhos e alguns que moram fora do país.
Tenho aqueles amigos que vejo poucas vezes ao ano, mas que toda vez que conversamos o papo tem uma fluidez tão boa que parece que nos encontramos ontem pela última vez.
Tenho amigos que fiz através de outros amigos.
Existem pessoas que já foram muito importantes e significativas um dia, mas que por alguma razão não estão mais tão presentes na minha vida – e tudo certo. Talvez naquela época nossa conexão fazia muito sentido e hoje só não temos mais tantas coisas em comum. Meu carinho, admiração e desejo de coisas boas continua o mesmo.
Acredito que trilhamos caminhos diferentes e buscamos outros interesses porque estamos em uma constante procura pelo que nos faz felizes e pelo que tem coerência com o que queremos para o futuro.
E aí as coisas começam a fazer sentido – cada um de nós está buscando alguma coisa. O que almejo pro meu futuro provavelmente passa longe do que os meus amigos querem para o deles.. e vice-versa.
Então conforme a vida passa, torna-se cada vez mais desafiador conciliar nossos encontros com a família, a proximidade dos amigos, o trabalho que dá o retorno que esperamos e merecemos, a cidade ideal para viver, o que queremos, as oportunidades que aparecem e os nossos sonhos.
Nos surpreendemos tanto com o caminho que vamos desbravando que percebemos que os amigos genuínos tornam-se poucos, mas muito essenciais. São pessoas que estão gravadas na nossa história, desde os mínimos detalhes às lembranças mais incríveis e especiais que temos juntos.
Independente de onde estivermos e a quantidade de curvas que nossa vida tiver, tenho certeza que estaremos eternamente conectados com aqueles que amamos e que tem a somar com aquilo que escolhemos ser.