Sobre pontos finais.
Existem decisões que são muito difíceis de serem tomadas na vida, mas que podem – e que vão – mudar tudo. Nós somos especialistas em fazer hora extra onde não faz sentido. Onde não cabemos mais.
Durante o nosso caminho nos deparamos com situações que tem prazo de validade. Relacionamentos que são pra acabar, amizades que não tem coerência nenhuma com o que nos tornamos e até empregos que não estão alinhados com o que queremos pro nosso futuro profissional.
Boas coisas são construídas com o tempo.. e como eu já escrevi em outros textos – tempo é um recurso valioso.
Muitas vezes, temos a falsa sensação de que desistir de alguma coisa ou colocar um basta em determinadas situações significaria, de alguma maneira, jogar fora todo aquele tempo que foi demandado para essas construções.
Passamos anos empurrando situações com a barriga porque adiar términos é muito mais simples do que admitir que nós nos importamos de verdade e que tem alguma coisa errada.
Encarar aquilo que o nosso coração grita pra que seja feito de uma forma diferente gera desconforto. É cansativo. Porque não precisar mover um dedo para resolver algumas coisas é cômodo – é aquele confortável – desconfortável, sabe?
Mas é essa comodidade que vai nos sufocando aos poucos, fazendo com que uma hora a corda arrebente e torne as coisas insustentáveis.
Se você lê o que escrevo há mais tempo, sabe que além dos textos serem autorais, muitos deles andam de mãos dadas com o que acontece na minha vida. Esse não é diferente.
Menti muito pra mim nos últimos meses. Vivi coisas absurdas e ignorei sinais os quais eu sabia da importância. Empurrei com o peso do meu corpo e adiei o que pude algo que não fazia sentido há tempos.
Eu simplesmente não conseguia colocar um fim naquilo ali – parecia que eu não tinha forças pra isso.
No meio dessas incertezas aconteceu uma coisa curiosa. Parecia que existia uma chavezinha dentro de mim, querendo literalmente virar e viver de acordo com os meus valores.. e era óbvio – o que eu vivia estava extremamente desalinhado com o que considero como valor. E aí entendi que não existe espaço pra dúvidas em alguns pontos da nossa vida.
Se não é um sim óbvio, é porque é um não óbvio.
No fundo, eu sempre soube que a decisão final precisava partir de mim. Sabia que a única responsável por tirar aquele peso do meu coração era eu mesma e que não escolher – o famoso ficar no neutro – também era uma escolha. Nesse caso, era uma péssima escolha porque ela significava que viveria uma vida fora de todo propósito do que eu idealizava na minha cabeça.
E como a boa sagitariana que sou (Peço desculpas aos que não acreditam em signos. Mentira – não peço não) não podia continuar assim. Não dava pra viver fazendo de tudo pra caber dentro das expectativas de outra pessoa.
Seguir os nossos valores, o que queremos e acreditamos genuinamente como o melhor e o certo para nós, torna mais fácil, escolhas que, num primeiro momento, são difíceis. Além disso, o nosso coração não mente nunca. Se repararmos com carinho nos sinais que ele nos dá – sempre saberemos a verdade. Nós sentimos. Não existem enganos quando somos fiéis ao que ele nos pede.
Isso não é uma garantia que não haverão mágoas ou dificuldades no caminho, mas sim, que estamos escolhendo de acordo com os nossos princípios e por consequência, quando necessários os pontos finais estarão alinhados com aquilo que queremos e com o que somos.
2 comentários
Camila
Já disse o quanto vc é maravilhosa e necessária?
É sobre isso, sobre arriscar, sentir, acreditar e confiar. Não tem erro ❤️
Helena Meyer
Não tem erro. No fundo nós sentimos <3