Relacionamentos

Relacionamentos tóxicos

Você já esteve em um relacionamento onde tudo é motivo de briga?

Que qualquer comentário inocente vira uma tempestade em copo d’água? Que o outro se ofende com extrema facilidade e, ao mesmo tempo, te coloca como o gatilho para todos seus problemas e suas inseguranças sempre caem em cima de você? Como se cada segundo do dia fosse sobre ele.

Que quebra de promessas é algo rotineiro. Sabe quando existe uma longa conversa e você fala pro outro que você não se sente confortável com determinado comportamento.. e essa pessoa fala “não vou mais fazer” ou “prometo que não vai acontecer novamente” ?! Aí passa 10 dias e esse ser humano faz a mesma coisa que ele falou que não ia fazer – aquilo que foi combinado – aquilo que foi pauta de uma conversa entre os dois. Aí existe uma nova conversa.. e fica tudo certo, até que a pessoa faz de novo e de novo.. e mais uma vez…

Aquele relacionamento onde não há respeito por você – muito menos pelos seus – e, no fundo, existe aquele sentimento de competição – o tempo inteiro – com essas pessoas.

Que a forma de viver e os bens dos seus amigos e familiares são motivo de crítica. É lógico que essas pessoas não sabem o que estão fazendo e ninguém é tão bom e faz escolhas tão inteligentes, como a pessoa que está com você – afinal de contas, ela sabe tudo.

Ele tenta te controlar? Quanto e o que você vai comer e beber e quais são os melhores exercícios pra você fazer na academia – apesar dele não ser um profissional qualificado para isso… ou que você deve comprar roupas que estão mais “na moda” para que ele não sinta vergonha de andar com você pela rua… e pelo amor de Deus, não tem outra cor de esmalte pra você usar?! Porque ele não aguenta mais te ver usando o mesmo por 17 dias seguidos.

Você já foi ou é comparada com outras pessoas? Sabe aquela comparação leve – uma “brincadeira”? Aquela brincadeira que te machuca – e você releva.

E aí todo stress, mágoa, angústia, raiva e mal entendidos são magicamente resolvidos com pedido de desculpas, juras de que “será diferente na próxima vez”, entregas de presentes e por último, mas não menos importante – sexo de reconciliação.

E aí tudo fica bem.

Mais uma vez os motivos daquele desentendimento caem no esquecimento.

Ah, você nunca viveu um relacionamento assim?? Que coincidência – eu também não

Mas você pegou o cenário né?! Isso deve ser suficiente para não entrar num buraco desses…

Um relacionamento entre pessoas que só se apoiam quando a vontade do outro faz sentido para si mesmo, onde há conflito e discussões por conta dos mínimos detalhes, que sempre um dos lados tenta impor suas vontades – e fazer com que o outro as siga, onde os combinados não são respeitados e são ignorados por diversas vezes – dando a entender que eles não valem nada, onde existe competição e uma necessidade de provar seu ponto o tempo inteiro, onde há desrespeito, onde há stress, onde há controle sobre o que o outro faz e onde existe uma expectativa para que um dos lados faça e seja algo que ele não é – é um relacionamento tóxico.

Existe uma verdade bem curiosa sobre relacionamentos tóxicos: é muito simples perceber que os outros estão se afogando em um. Que as pessoas que mais amamos, mudaram e foram tomadas por um relacionamento que suga a sua energia e tudo aquilo que elas são.

O difícil, é perceber e admitir que nós mesmos estamos nesse lugar.

Eu realmente acredito – que pessoas que vivem um relacionamento tóxico (e aqui falo inclusive abertamente do meu eu do passado) não fazem ideia de como elas deveriam se sentir na presença da intimidade e do amor do outro. Então, todo aquele sofrimento, aquela insegurança de ver mais uma vez promessas sendo quebradas, as cobranças sem nexo e ciúmes por parte do outro – fazem sentido. Tudo isso somado aos pedidos de desculpas que não estão acompanhados por uma mudança de comportamento e muito menos por demonstrações de arrependimento – o que configuram uma manipulação (e das pesadas), por mais que machuque, nos faça chorar até dormir e sentir aquele vazio dentro do peito, significam alguma coisa.

Essa alguma coisa tende a ser confundida com amor.

É muito triste sentir esse buraco dentro de nós e acreditar que isso seja normal em um relacionamento. Convenhamos, talvez você já tenha passado por isso.

Pode ser até que essa seja a sua realidade hoje, mas é difícil demais arrumar forças pra sair dali né?! Eu sei.

É lógico que relacionamentos passam por altos e baixos. Momentos desafiadores aparecem durante o caminho e se não estivermos muito alinhados um com o outro – a chance de dar merda, é grande.

Spoiler: se por acaso deu merda e vocês não estavam na mesma página e tudo ficou bem – tudo se resolveu, seguimos a vida – e isso aconteceu por repetidas vezes – é porque vai dar merda depois, uma merda bem grande.

Conhecemos uma pessoa, fazemos perguntas sobre a sua vida, sobre seus hobbies e sonhos, sobre como é seu relacionamento com seus amigos e sua família, sabemos os seus vícios e estamos cientes de quem ela é.

Nós escolhemos alguém.

Amar quem escolhemos para ficar ao nosso lado, deveria ser uma das coisas mais fáceis a se fazer na vida.

No momento em que precisamos nos esforçar para ama-lá, existe algo errado.

Amor não pode ser difícil. Amor não pode ser desgastante. Amor não pode fazer com que duvidemos de nós mesmos.

Isso não é amor.

Falar sobre intimidade e amor genuínos faz com que algumas pessoas revirem os olhos porque a realidade pode parecer entediante.

Amor é conforto no silêncio. É ter certeza de que o outro está ali – de verdade – escolhendo o mesmo que você.

Amor não tem comparação, inveja ou críticas que rebaixam um dos lados propositalmente.

Não tem sexo todos os dias com lingeries provocantes, jantares exóticos, experiências incríveis ou ele “fazendo tudo por mim”. Isso é tesão ou paixão – ou os dois juntos. Mas essas coisas não são tudo aquilo e não se sustentam a longo prazo.

Ambos os lados precisam fazer a sua parte e se entregar por inteiro naquilo ali. Afinal de contas, amar é uma escolha – de duas pessoas.

Amor é respeitar os sonhos do outro. Não tem crise, drama ou dedo na cara. Amor de verdade é saudável. Simples assim.

E coisas saudáveis se sustentam a longo prazo.

Acho que nunca consegui agradecer o suficiente as coisas que uma amiga me falou que fizeram com que eu enxergasse com clareza o tamanho do buraco em que eu estava me enfiando.

Existe uma outra verdade bem curiosa sobre relacionamentos tóxicos: não percebemos que estamos nos afogando em um.. mas aqueles que mais nos conhecem – e nos amam de verdade – percebem.

Escolher fechar os ouvidos para o que nossos amigos e familiares tentam constantemente nos alertar – respondendo com “mas ele prometeu que não vai fazer de novo” ou falando para si mesma que essas pessoas estão erradas – é um ótimo indicativo de um relacionamento tóxico. No fundo, você sabe que essas pessoas têm seus pontos de razão. No fundo, eu sabia que minhas amigas estavam certas – mas eu preferi seguir mentindo pra mim mesma. Era mais “fácil”.

Se eu puder te dar um conselho extremamente sincero de quem já viveu isso é – não ignore. Não ignore o que quem te ama tem a te dizer. Não faça menos das promessas não cumpridas e de todo sofrimento que você passa de graça.

Não ignore as suas intuições. Geralmente aquele pezinho atrás e aquela sensação de ter alguma coisa errada, não mentem nunca.

Notas de rodapé e observações relevantes:

Obs. 1 – O texto de hoje, assim como muitos, não tem um embasamento científico. Não trouxe uma referência renomada que publicou 23 artigos nas mais famosas universidades ao redor do mundo. Meu conhecimento sobre relacionamentos tóxicos é totalmente baseado no que eu e pessoas próximas vivemos (lágrimas) – e sim, se você não conseguiu entender toda a ironia que coloquei nesse texto, eu vivi um relacionamento tóxico – daqueles tensos. Talvez tenha sido mais de um.. mas preciso refletir antes de te afirmar isso.

Meu principal objetivo com o blog é: escrever da melhor forma possível, sempre com um pouco de ironia e bom humor (lógico), sobre assuntos que todos vivemos – pelo menos um pouquinho, mas não temos coragem de falar porque além deles serem difíceis de abordar – achamos que a nossa história não é relevante.

Existem ciclos que se repetem e infelizmente acabamos compartilhando trechos de histórias muito parecidas.

Se o que temos pra contar for capaz de acender um alerta na cabeça de alguém ou simplesmente tornar-se um conforto no sentido do outro não se sentir sozinho.. o que vivemos, já vale muito.

Obs. 2 – Se você gostou do que leu e se identificou.. que tal deixar um comentário? – Ah.. só não esquece que eles ficam públicos e todo mundo que acessar a página consegue ler.. tá bem?! Se você quiser me falar alguma coisa ou dividir a sua história e deixar isso privado, pode entrar em contato comigo via e-mail (contato@ahelenameyer.com) ou pelo direct do instagram (@ahelenameyer_)… Se esse texto te lembra alguém.. que tal compartilhar o link com essa pessoa?

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