Vida

É hora de dar unfollow

Vamos começar do começo, explicando pra quem nunca escutou o termo – o que é o unfollow. Para isso, vamos utilizar uma ferramenta super interessante e extremamente deixada de lado nos últimos tempos – um dicionário. 

Segundo o Oxford Learner’s Dictionaries, unfollow significa parar de “rastrear”/ acompanhar um perfil através das redes sociais, sites ou inscrições de newsletters.

Não sei como você lida com isso e nem qual a sua opinião sobre o “deixar de seguir” / “remover seguidores”, mas eu, ultimamente tenho tido um posicionamento extremamente objetivo com relação ao assunto: se manter esse contato virtual me faz mal (seja por ver o que pessoa X faz ou o que ela deixa de fazer), se eu não tenho mais um senso de admiração, carinho e consideração ou se aquela pessoa simplesmente fez parte da minha vida em um cenário que já não existe mais – simplesmente desfaço a conexão. 

Sinceramente acho que a gente leva certas coisas muito pro lado emocional e por não ter um pézinho no racional, tende a dramatizar demais o “fulano deixou de me seguir”.

Considerando o crescimento que as redes sociais tiveram nos últimos anos e principalmente o surgimento de novas funcionalidades, é esperado que a gente tenha uma certa “coleção” de seguidores e que acompanhemos de perto muitos perfis e páginas. 

Elas deixaram de ser apenas uma espécie de vitrine das nossas vidas e se tornaram uma excelente ferramenta de vendas. Afinal de contas se você tem um negócio e não utiliza as redes a seu favor para divulgação, não tem fotos legais para apresentar o seu produto/ serviço, não contrata uma agência de marketing especializada e que sabe o que está fazendo para cuidar do seu perfil e opta por deixá-lo na mão do seu sobrinho que tem um “tempinho livre” – você é um grande candidato a falir – perdão pela sinceridade.

Também é extremamente claro que, ao longo do nosso caminho, conhecemos muitas pessoas. Por mais que sejamos introspectivos e pouco sociáveis, temos a oportunidade de conviver com muita gente.

Considerando os incontáveis e imemoráveis grupos e situações as quais passamos, manter essas pessoas como conexões nas redes sociais, tornou-se uma ótima maneira de não perdermos contato e até mesmo de reencontrar pessoas queridas e especiais que não vemos há anos. Elas resolvem muito bem aquele problema que os nossos pais tinham de “nunca mais ver ou ter notícias de fulano” – mesmo que de forma virtual. 

O grande ponto aqui é justamente aqueles ciclos que se iniciam ou se encerram, fazendo com que cenários mudem e com que pessoas nos acompanhem – ou nos deixem.

A verdade é que nós não desenvolvemos necessariamente algo contra as pessoas – mas será que realmente faz sentido elas continuarem ali?

Eu quero provocar essa reflexão no texto de hoje pela seguinte razão: por mais que sejamos alguém que compartilha pouquíssimas fotos e opiniões nas suas redes sociais (o famoso low profile), dependendo do ângulo e do conteúdo – o pouco, já pode ser considerado uma grande exposição.

Veja bem. Nós entregamos de bandeja informações sobre o nosso trabalho, nossas amizades, os lugares que gostamos de comer, as viagens que fazemos e a dita foto do copo com nosso nome daquela famosa rede (você sabe qual é) esperando a conexão do voo no aeroporto de Guarulhos – o que faz com que todo mundo saiba que acabamos de pagar R$ 18 em 300 ml de café. Mostramos aquele pedacinho do nosso convite de casamento, partes da nossa casa,  fotos da nossa gestação, a paleta de cores escolhida para o quarto do nosso bebê e todo o processo da sua introdução alimentar, nossa rotina com relação à saúde e bem estar…

Você consegue entender que mesmo que seja só uma foto, um pedaço, um recorte, um boomerang, um momento ou um story bobo de 15 segundos… Isso pode ser muito?

Aqui eu nem quero (mas poderia) entrar no mérito daquelas pessoas desocupadas e maliciosas que utilizam nossas fotos para pedir dinheiro e nossas informações pessoais (do dia a dia) para aplicar golpes. O objetivo aqui é fazer você pensar, se faz sentido, que a sua super inimiga da época de ensino médio, aquela pessoa que você detestava e que fez sua vida um inferno, mas que por algum motivo você decidiu aceitar a solicitação para te seguir no instagram – fique sabendo e acompanhando de perto detalhes que são tão pessoais. 

Ou se aquele cara que você beijou 876 vezes e te fez de gato e sapato, que rolou uma história interessante – mas o negócio nunca se desenrolou de fato e que ficaram questões mal resolvidas, acompanhe passo a passo do seu relacionamento atual.

E aqueles colegas de trabalho de 2013, que você tinha um certo ranço mas mantinha ali nas suas redes sociais por um mero “protocolo” – afinal de contas ficava chato aceitar uns e não aceitar outros. Pessoas que simplesmente não tinham nada em comum (a não ser o emprego) com você – vendo sua rotina, suas oportunidades e por onde sua vida está indo – ou não – profissionalmente.

Não é que a gente deva passar uma vassoura nas nossas redes sociais e deixar lá somente as pessoas do nosso convívio pessoal e diário – até porque, se fizermos isso, poucos ficam. Eu to falando daquelas 8 ou 9 pessoas que não deveriam estar vendo o que estamos fazendo. Você sabe quem são elas.

Pessoas essas que parecem conexões inocentes, mas que muitas vezes insistem em nos lembrar que elas existem. Indiretas, curtidas em posts antigos e aleatórios, assuntos que surgem do nada… pessoas que vão se enfiando em brechas que aparecem de todos os lados, e nós – que por algum motivo ainda mantemos aquilo ali – nos tornamos suscetíveis a sermos levados por isso.

De vez em quando é importante que a gente pare e reflita de maneira totalmente racional sobre esse assunto. Precisamos saber a hora de cortar certos contatos pela raíz. 

Seria inocência da nossa parte acreditar que todas as pessoas que passaram pelas nossas vidas um dia e que hoje nos acompanham virtualmente, estão torcendo genuinamente por nós. Que nosso relacionamento dê certo, que a gente prospere na vida profissional, que a reforma da nossa casa fique impecável ou que a nossa viagem de férias saia como planejado. Muitos estão aqui só por curiosidade.

E vamos ser francos… nós acompanhamos muita gente – apenas porque estamos curiosos.

Muitas vezes o unfollow é visto como uma afronta. Acho interessante esclarecer que o unfollow por unfollow não resolve assuntos mal resolvidos. Esses assuntos só são resolvidos ou amenizados através do diálogo entre duas pessoas, mas nem sempre isso é possível e, honestamente, nem sempre estamos dispostos a fazê-lo. Às vezes só queremos seguir as nossas vidas – sem sofrer com dores de cabeça causadas por revisitarmos certos passados.

Reconhecer que deveríamos sair do radar de certas pessoas e que não faz sentido mantê-las próximas a nós – é uma excelente maneira de nos respeitarmos. De respeitarmos o caminho que escolhemos para nós mesmos, as coisas que já conquistamos e a vida que ainda estamos buscando. 

Mas acima disso – em algumas ocasiões (novamente, você sabe quais são elas) – sair do radar de certas pessoas, é um sinal de respeito a quem escolhemos ter do nosso lado, para a nossa vida. 

Pense sobre.

Agora eu quero saber de você: qual o seu pensamento sobre a política do unfollow? Você é uma pessoa que passa a vassoura nas redes sociais sem dó? Você reflete sobre o assunto ouuu isso nunca nem tinha passado pela sua cabeça? Deixa um comentário pra eu saber 🙂 Adoro conhecer e conversar com as pessoas que acompanham o que eu escrevo. Aproveita pra me seguir lá no Instagram @ahelenameyer_ – os textos do blog geralmente viram reflexões menores lá no feed!

Imagem de capa autoral de  Priscilla Du Preez,  retirada do banco de imagens gratuito e público Unsplash. Disponível no link.

Um comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *