Vida

As promessas de ano novo

Qual é a promessa que você vai fazer dessa vez? Qual o foco que você não teve em 2022 que gostaria de ter em 2023? Quais são os seus objetivos a médio prazo? O que não foi muito legal que você quer que seja diferente?

Eu não era do time de fazer promessas de ano novo, era mais de mentalizar coisas lindas e positivas para aquele período de estava se aproximando e de “querer muito” que certos assuntos tomassem uma forma diferente. Eu realmente torcia pra que tudo mudasse e que coisas novas começassem a acontecer.

O problema era que – só querer muito e torcer para que as coisas fossem diferentes – não era suficiente.

Tive um 2021 meio caótico e – quando as coisas finalmente começaram a querer entrar nos eixos – decidi que mudaria a minha visão e o meu posicionamento sobre o que aconteceria dali pra frente – incluindo essas promessas de ano novo. De alguma forma comecei a enxergar que existiam algumas coisas que não andavam da maneira que eu gostaria na minha vida e que – muitas delas – dependiam de algumas mudanças de comportamento minhas. Questões como amizades, saúde, relacionamentos e o próprio trabalho acabavam me “assombrando” e eu não mexia um dedo pra mudar o cenário.

Daí fica difícil né – só querer que tudo seja de outro jeito e não fazer nada – continuar no mesmo lugar.

No final de 2021 existiam 6 áreas da minha vida que eu achava que mereciam uma atenção especial. Listei todas as coisas que gostaria de manter, parar e melhorar em cada uma delas, adicionei 2 alertas durante 2022 no meu calendário de trabalho para poder relembrar minha lista (tenho uma dificuldade enorme em usar uma agenda pessoal) e segui a vida.

Depois desses quase doze meses, tirei algumas lições e insights desse processo, que eu gostaria de compartilhar, de forma que quem estiver fazendo isso pela primeira vez, possa levá-las em consideração:

Não existe mágica.

A minha “promessa” mais absurda pra 2022 foi acreditar que eu faria uma atividade física 7 dias por semana. É sério – escrevi isso numa folha de papel.

Sim – eu sei que não existe absurdo algum em se exercitar todos os dias e que inclusive isso deveria ser um hábito do nível escovar os dentes para todos nós. A atividade física vai muito além da estética, ela constrói o nosso corpo e nos permite envelhecer de uma maneira melhor – afinal de contas, é um privilégio chegar na velhice e não depender da ajuda de alguém pra carregar as suas sacolas do mercado ou dar os seus “corres”.

O grande problema é que esse hábito não foi inserido na minha vida quando eu era criança – eu não aprendi lá atrás que isso era algo normal – e agora, como adulta, preciso correr atrás desse prejuízo. Não o prejuízo da celulite e flacidez – o prejuízo de inserir uma rotina que por n razões não é simples de ser inserida.

Inserir novos hábitos nas nossas vidas – dá trabalho. Não existe uma receita mágica. Não dá pra achar que vamos virar uma chavinha e que tudo vai milagrosamente da noite pro dia vai se resolver. Muitas vezes não é trivial. Existem coisas que queremos melhorar – e que sabemos que precisamos melhorar – que são processos sofridos.

Meu grande problema em resolver virar a Gracyanne Barbosa é que eu estava saindo de onde eu fazia praticamente nada pra ir pra onde eu fazia tudo.

Nos primeiros dias a ideia funcionou bem. Aí chegou um dia que a academia não abria e estava chovendo – que eu não conseguiria caminhar na rua – pronto, já foi suficiente pra falhar uma primeira vez. Aí num outro momento as coisas estavam meio conturbadas no trabalho e eu achei que podia dormir mais um pouquinho porque andava exausta – falhei novamente. Numa outra semana precisei viajar e minhas atividades físicas seriam caminhadas ao ar livre – tive medo de sair sozinha.

Aos poucos fui me auto sabotando, adicionando aos meus dias limitadores sutis e praticamente invisíveis – mas que estavam lá.

Comecei e parei a academia umas 4 vezes esse ano. Paguei mensalidades e não usufrui desse dinheiro investido. Comprei roupas próprias para atividades físicas – que só não estão mais com a etiqueta – porque tirei pra poder usar elas em casa.

As metas mais caras que estabelecemos ao longo da vida são aquelas que fazem com que o senso de comprometimento seja perdido com nós mesmos.

O comprometimento não é com os outros - é comigo.

Por mais que terceiros estejam envolvidos nas nossas metas – na maioria das vezes – a prestação de contas será com nós mesmos.

No fundo – se você não for o orgulho da nutri, do seu personal ou da sua psicóloga (que é difícil hein caros) – o problema não será deles, será seu.

Por mais que certas coisas na vida não dependam somente dos nossos movimentos, nós fazemos escolhas significativas todos os dias, que determinam para onde podem ou não ir nossos relacionamentos, nosso trabalho, nossos sonhos, nossa saúde, nossa dieta…

Escolhemos e teremos que, cedo ou tarde, lidar com as consequências dessas escolhas. No fim do dia, é a nossa consciência que pesa – ou não.

Nem tudo está perdido.

É praticamente óbvio que não vamos conseguir conciliar todos os objetivos que traçamos, principalmente quando eles não “se conversam” e quando envolvem muitas vertentes diferentes.

Quero deixar claro que eu não quero passar pano pra minha falta de comprometimento com a academia – mas, apesar de ter vassourado com as minhas atividades físicas, 2022 foi o ano mais saudável da minha vida. Dentro do assunto saúde acabei traçando alguns outros objetivos mais focados em alimentação, qualidade do sono, redução do consumo de bebidas alcoólicas e ingestão correta de água – os quais – modéstia parte – me saí muito bem.

Pouco tempo atrás eu costumava ser a pessoa que mentalizava e torcia para ter um ano mais saudável e 3 dias depois da festa da virada já estava enfiada numa filial do McDonald ‘s comendo um cheddar mcmelt porque “eu merecia”.

Em resumo – esse ano poderia ter sido muito pior.

Às vezes é evidente que temos onde e o que melhorar e que pisamos na bola com alguns objetivos – mas podemos nos dar um pouco ao luxo de comemorar o que foi conquistado até aqui.

*** novamente friso que: preciso rever a meta das atividades físicas para 2023.

Pequenas metas, mas significativas, valem mais do que metas mirabolantes.

É mais fácil inserir hábitos e atividades novas na nossa rotina quando elas vêm em doses homeopáticas.

Meia garrafinha a mais de água todos os dias. Uma refeição principal na semana sem carne. Um encontro você mais aquela dupla de amigas por mês (vou aproveitar o momento pra deixar aquele alô pra minha dupla de amigas). Uma mensagem mais longa uma vez a cada 15 ou 20 dias pra uma pessoa que não faz parte da nossa rotina, mas que é muito especial. Cinquenta reais separados do salário mensalmente pra poder fazer aquele passeio no final do ano. Uma compra desnecessária a menos. Vinte minutos por dia de conversa com nossos pais. Escutar um pouquinho mais do que quem amamos tem a dizer. Academia 3 vezes por semana.

Não precisamos de mudanças mágicas. Não precisamos de milagres da noite pro dia. Precisamos de pequenas atitudes que começam a fazer o ponteiro do relógio girar. Precisamos manter aquelas conexões que fazem sentido próximas de nós. Precisamos fazer a nossa parte – sem loucura. Precisamos enxergar com nossos próprios olhos a grandeza das pequenas atitudes.

Às vezes vale mais começar aos poucos, traçar metas pequenas e manter nosso foco naquilo que está ao nosso alcance.

O nosso redor.

O que eu vou falar agora é um ponto que eu tenho observado há algum tempo, que tive que entender meio que na marra – e honestamente, toda vez que me encontro novamente em uma situação assim, sou forçada a me lembrar disso:

Existem pessoas e ambientes que nos impulsionam a sermos melhores. É muito mais fácil lidar diariamente com promessas de ano novo e objetivos que colocamos nas nossas vidas, quando estamos em um cenário assim. Um cenário sem caos. Um cenário onde nossos propósitos e vontades não são questionados ou ridicularizados.

Existem pessoas e ambientes que sugam tudo aquilo que temos – e é muito mais difícil quando estamos num meio assim.

Precisamos estar atentos a tudo que nos cerca de forma que não seja possível que aquilo que estamos nos propondo a fazer, seja simplesmente barrado por algo ou alguém que parece não querer nos ver progredir.

Com apoio é mais simples. Sem apoio precisamos dar nossos pulos pra fazer acontecer.

Quero te contar que eu não concluí todas as minhas metas de 2022. Algumas coisas bem específicas não foram feitas – seja por falta de comprometimento ou porque em alguns momentos simplesmente precisei escolher entre uma coisa e outra – e tudo bem.

Essas metas não podem ser uma prisão. Elas precisam ser vistas como um direcionamento do que podemos melhorar e como podemos fazer o ano que está chegando ser um pouquinho diferente desse que se foi.

Você gosta de ler os meus textos? O de hoje foi sobre um exercício sensacional de autoconhecimento que eu indico de olhos fechados que mais pessoas façam – aliás, que tal deixar um comentário aqui ou me contar via direct se você fizer a sua lista pra 2023 ou se tiver alguma experiência anterior – adoro quando podemos compartilhar nossos pontos de vista!

Se você ainda não me segue lá – que tal acompanhar meu instagram? Vira e mexe os textos se transformam em reflexões menores no feed e em alguns reels de procedência duvidosa.

Imagem autoral de Marisol Benitez – disponível no link, retirado do banco de imagens gratuito e público Unsplash.

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