Vida

Estamos envelhecendo

O primeiro texto de 2023 é sobre coerência e consciência. Comecei a escrever sobre o assunto em Julho de 2022 e o coloquei de lado justamente por acreditar que ele se encaixava como uma ótima “reflexão de começo de ano”.

Pra mim os últimos cinco anos foram extremamente intensos. Me formei na faculdade, mudei de cidade para trabalhar na área e descobri que não queria aquilo pra minha vida. Fiz uma transição de carreira para atuar na minha profissão técnica e me apaixonei perdidamente pelo universo do trabalho remoto e horários flexíveis. Me mudei diversas vezes e deixei bens materiais para trás. Deixei um relacionamento tóxico para trás. Entendi que eu precisava ser a minha prioridade. Cortei pela raiz pessoas e situações que estavam fazendo hora extra na minha vida. Conheci alguém que me mostrou que amor de verdade passa longe daquelas bobagens que eu pensava serem amor. Adquiri bens duradouros que o dinheiro pode comprar e me aproximei cada vez mais daquilo que dinheiro nenhum no mundo compra. Descobri quais são os meus valores e comecei – passo por passo – a viver de acordo com eles.

Aprendizados foram construídos, objetivos foram compartilhados e ciclos foram finalizados.

É tanta coisa que acontece – de forma simultânea – nas nossas vidas que fica difícil nos lembrarmos de onde estamos agora. É fácil querer buscar uma fuga, uma outra rota e até mesmo voltar no tempo..

Essa pauta do “onde estamos agora” foi levantada algumas vezes nas minhas sessões de psicoterapia no ano passado, mas mais precisamente: a dificuldade que alguns de nós temos de agir de acordo com “onde estamos agora” somado ao “para onde queremos ir”… de forma que aquela insistência em reviver o passado – fazer as mesmas coisas de cinco anos atrás, permanecer praticamente do mesmo jeito e bater de frente com toda e qualquer possível evolução (como se progredir em determinadas frentes fosse a coisa mais ridícula do mundo) – esteja praticamente enraizada em nossas vidas.

A reflexão de hoje não é pra falar que fulano ou ciclano fazem errado e que eles deveriam viver de outro jeito – por favor… cada um vive a sua vida da maneira que acha ser mais coerente – até porque, minha ideia aqui nunca foi e nunca será cagar regra pra ninguém.

O único propósito do texto de hoje é – fazer com que você pense se realmente está vivendo de acordo com os seus valores, com o que fala aos quatro ventos que quer ser e com aquilo que almeja para o futuro.

Nota importante: se os seus valores estão relacionados a viver eternamente como um jovem de 20 anos sem responsabilidades e você cumpre esse papel com excelência – ótimo.

O fato é que assim como chegam os fogos de artifício da noite de réveillon – num piscar de olhos, já estamos novamente no Natal. 

O tempo está passando.

Nós estamos crescendo.

Estamos envelhecendo, e – caso ninguém tenha te avisado: envelhecer – é – normal.

As lembranças de uma época sem (ou de poucas) responsabilidades são muito tentadoras. O não ter horário pra dormir ou acordar, a possibilidade de ter 25% de faltas (gente – sério) na frequência da faculdade, não lidar com as parcelas (e juros) de um financiamento, não acordar de madrugada ou não precisar abrir mão de certas posturas por causa de filhos, não dar a mínima pra alimentação e ingestão de água e de fibras por simplesmente ter o metabolismo acelerado, ir a festas aleatórias, consumir bebidas de procedência duvidosa e voltar pra casa ao nascer do sol, não economizar um centavo porque não tem necessidade…

Era fácil né. Era exigido menos de nós.

A vida não vai dar uma pausa e o relógio não vai parar para curarmos a ressaca causada pela falta de bom senso que temos toda vez que ignoramos o fato de que somos os únicos responsáveis pelo nosso destino.

Não temos como abrir uma lacuna no tempo para consertar os danos, muitos deles irreversíveis, que são consequências das nossas atitudes. A vida não vai esperar pela nossa maturidade ou pela nossa melhor compreensão do todo, para se desenrolar.

Nosso progresso. Nossa saúde. A criação dos nossos filhos. Um bom desempenho no trabalho. Nossos relacionamentos. Sair da cama na hora que o despertador toca. Nossa independência e segurança financeira. A atuação nos nossos hobbies. Nossa saúde mental.

Tudo isso – e mais um pouco – é de nossa responsabilidade.

O foco não é naquelas coisas que nós não podemos controlar (sim, o mundo está cheio delas), mas naquelas coisas que estão sob o nosso controle e que hoje nós temos conhecimento e entendimento para que tudo seja feito da melhor forma possível (novamente eu friso que: se o que você considera como “melhor forma possível” estiver próximo de “aos 30 viver alucinadamente como aos 20” – tudo bem – cada um faz o que quer).

Acredite, mudar faz parte da vida. Evoluir. Estudar e utilizar o conhecimento adquirido a nosso favor. Construir a nossa melhor versão – e olha… podemos nos surpreender a cada versão melhorada.

O meu convite pra você nesse começo de ano é: reflita se as suas atitudes diárias estão indo ao encontro dos seus objetivos de longo prazo. O longo prazo, apesar de estar distante, começa a ser planejado e construído agora.

Se você não sabe quais são os seus objetivos/ o que você quer daqui alguns anos – tire um tempinho pra si mesmo e pense sobre o assunto. Separe a sua vida em áreas. Anote em uma folha de papel o que você gostaria de estar fazendo e quem gostaria de ter por perto daqui x tempo, e entenda o que você precisa fazer agora para tornar isso uma realidade.

A pessoa que estamos nos tornando, foi construída com base nos nossos erros e acertos do passado. Se formos honestos conosco, saberemos discernir o que pode e o que não pode permanecer ao nosso lado durante essa jornada. Não somos mais uma criança – vamos parar de agir como tal. Chegou a hora (pra algumas pessoas já passou da hora) de assumir, como adultos, o que é de nossa responsabilidade. 

Fico bem feliz que você tenha chegado ao final dessa leitura! Conta pra mim nos comentários o que achou do texto (: eu amo saber a opinião de quem curte ler o que escrevo!

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Imagem autoral de Joshua Hoehne retirada do banco de imagens público Unsplash. Disponível no link.

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