A morte é um dia que vale a pena viver (review)
Diferente de outras indicações não existe perigo algum em você encontrar nesse review algum tipo de spoiler. O título é bem claro – ele é um livro que fala sobre a finitude humana e nosso tempo aqui na terra.
A médica especialista em cuidados paliativos e escritora Ana Claudia Quintana Arantes nos entrega um presente com a sua escrita.
Porque é que relutamos tanto em falar sobre a morte, sendo que ela é a única certeza a qual temos na vida? Muitos dos temas que serão abordados esse ano aqui nos meus textos são citados ao longo das suas 200 e tantas páginas. Presença, trabalho, amor, como estamos utilizando o nosso tempo.. entre tantos outros assuntos relevantes para vivermos uma vida digna – de maneira que tenhamos uma morte digna.
A autora defende (e eu concordo fortemente) que a cada dia que passa, nós estamos morrendo um pouquinho. Não sabemos quando será o fim – costumamos torcer para que seja possível desfrutar de uma vida longa, mas – nunca se sabe.
A pergunta que fica – e que gostamos de fazer de conta que não é um questionamento é: “O quão preparados e conscientes estamos sobre o fim?”. O livro não entra em méritos religiosos e em discussões como “o que acontece depois da morte”, o foco dele se mantém no que é que acontece na vida. O que estamos fazendo – ou deixando de fazer – durante a nossa jornada, curta ou longa, por aqui.
Uma leitura intensa e reflexiva, mas acima de tudo desafiadora. Ana Claudia faz com que o livro seja um espelho das nossas próprias vidas, onde conseguimos nos enxergar e nos identificar com maestria. Desafiadora pois, é difícil admitir que podemos estar perdendo tempo – quando tempo é um recurso tão escasso. Desafiadora porque dizemos ter tanto medo da morte, mas em alguns momentos parece que fazemos questão de encontrá-la o mais rápido possível. Desafiadora por conta da culpa, que nos consome, durante a leitura de algumas frases muito bem colocadas.
Um livro para ser lido com calma e tempo. Uma leitura que exige atenção e que merece ser feita com qualidade. Se permita grifar, fazer anotações, colar lembretes para o seu eu do futuro e, se possível, eventualmente revisite as suas anotações.
Se olharmos com carinho para o seu conteúdo, começaremos (aos poucos, lógico) a olhar o fim e o caminho que temos até ele – com outros olhos.
Eu comprei os outros dois livros dela (Pra vida toda valer a pena viver e Histórias lindas de morrer) e confesso que estou bem empolgada para começar a ler.
Ahh, se você quiser adquirir o livro em versão capa dura, clique aqui.
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