Um pouco sobre a vida meio nômade
Nunca idealizei sair da cidade que eu cresci e me aventurar por outros lugares. Bem na verdade, sabia que poderia me mudar por conta do meu trabalho na área da minha formação, que na época era na indústria, mas realmente acreditava que ia sossegar em um único lugar.
Sempre soube da minha capacidade de adaptação a diversas situações e lugares, mas sinceramente, não sabia que era tão adaptável assim.
No último um ano e meio vivi em pelo menos 8 casas diferentes. Foram três endereços na capital paulista e cinco na capital catarinense (mais os lugares que passei no meio do caminho). Minha vida meio nômade começou quando eu e meu namorado decidimos morar juntos e, pra ser totalmente franca, nossa intenção inicial não era essa, mas as coisas acabaram acontecendo de forma que, ter um aluguel de 30 meses em um único lugar, começou a ser uma realidade distante da que buscamos.
Em março de 2020 o trabalho dele se tornou remoto por conta da pandemia. A partir desse momento, morar em São Paulo investindo mensalmente um valor altíssimo em um imóvel pequeno, que nos entregava muito pouco, parou de fazer sentido, considerando que o mercado da tecnologia, setor em que ele trabalha e o qual fiz minha transição de carreira, abria oportunidades para colaboradores a nível mundial, independente de onde eles estivessem – carinhosamente chamado de “anywhere office”.
Sinceramente nós escolhemos Floripa por ela ser um polo tecnológico (bem na verdade foi porque amamos praia) – caso tudo desse muito errado – tipo se eu não conseguisse um emprego remoto ou qualquer coisa parecida, existiam inúmeras empresas no nosso ramo por aqui – que iam de startups a empresas maiores e mais consolidadas. Então sim, nós calculamos alguns passos e entendemos que existiam alguns possíveis riscos, mas que valeriam a pena, comparando com o que estávamos abrindo mão.
Quando chegamos na ilha nossa intenção era ficar um mês em um Airbnb. A ideia era usar esse tempo para entender qual seria o melhor bairro para fixar uma moradia, e procurar pessoalmente um lugar para alugar.
A partir desse momento, alguns acontecimentos chave fizeram com que mudássemos os nossos planos.
Nós acabamos gostando muito do apartamento. Ele tinha um bom espaço, nos entregava tudo que precisávamos para viver, seu valor mensal cabia no nosso orçamento e começamos a perceber que encontrar um imóvel dentro dos padrões que a gente queria, poderia não ser a tarefa mais simples do mundo, então, decidimos estender nossa hospedagem ali por mais um mês.
A nossa experiência não foi muito boa quando começamos a procurar imóveis para alugar anualmente. Primeiro por não conhecermos a ilha direito e não termos noção de qual região seria a mais ideal para viver e segundo, existiam apartamentos disponíveis, mas em péssimas condições, por valores incoerentes com o que entregavam.
A pandemia fez com que as diárias / mensalidades de Airbnb caíssem drasticamente. Foi aí que começou a surgir a possibilidade de alugar imóveis mensalmente utilizando a plataforma, por consequência, foi quando começamos a nos mudar de um lado pro outro.
Colocamos as despesas de um apartamento na ponta do lápis (ou algo parecido). Aluguel, condomínio, contas mensais de luz, internet e etc, somadas ao fato de não termos móveis e eletrodomésticos – o que, com absoluta certeza, nos faria comprar itens avulsos ou buscar por algum lugar já mobiliado e muito mais caro.
Em resumo, a conta não fechava.
Além disso, começamos a entender que, alugar alguns meses com contratos mensais em diferentes pontos da ilha, poderia ser muito promissor.
Na época, achávamos que o principal – e talvez único benefício dessas mudanças, seria conhecer diversos bairros como moradores e entender o que faria mais sentido pra gente a longo prazo. Acabou que o buraco foi bem mais em baixo.
Cada casa que a gente passou nos proporcionou experiências diferentes. A maneira que nos organizamos no dia a dia, as coisas que fazemos aos finais de semana, nosso hábitos alimentares, o estilo de vida que estamos buscando e o que queremos do nosso relacionamento. Tudo foi construído e moldado por cada lugar que vivemos. Cada imóvel teve as suas particularidades, que se transformaram em histórias que vamos lembrar pro resto da vida.
Tentamos manter um padrão de 2 a 3 meses no mesmo imóvel, sempre alugando o que cabe no nosso orçamento. É aquela história: pra gente funciona. Talvez, outras pessoas não achem tão interessante fazer as malas com tanta frequência ou acreditem que mudar a rotina tantas vezes não seja algo tão interessante assim.
Em quase um ano já passamos nos mais diversos lugares e também tivemos os mais diferentes tipos de perrengues.
Como não temos muitas coisas nossas mudanças são feitas de forma rápida e descontraída, afinal de contas, já estamos mais do que experientes na função. (Depois de muita luta)
Eu amo essa sensação de liberdade e descoberta sobre tudo. Amo a forma que estamos nos conectando um com o outro, tudo que estamos aprendendo e como estamos abertos a novas possibilidades.
Amo as experiências que vivemos nos lugares que passamos e acredito que, no fundo, as coisas que fazemos, o conhecimento adquirido e quem somos de verdade acima disso tudo, são as poucas coisas que relmente não podem nos tirar.
2 comentários
Luan Pereira Baptista
Achei incrivel sua historia. Pretendo me tornar meio nomade em em breve. Obrigado por compartilhar sua historia.
Helena Meyer
Legal saber que inspiro pessoas Luan! Obrigada pelo comentário!! Me conta quando se tornar meio nomade! Vou adorar saber! 🙂