Minimalismo

Antes do minimalismo

Nunca tive dinheiro pra sair carregando sacolas e mais sacolas de dentro de uma loja, assim como, nunca fui uma menina que enlouquecia por itens expostos pelas vitrines que passava. Tentar fugir dos meus problemas comprando roupas, sapatos e acessórios também nunca fez parte da minha realidade.

Nunca me apeguei à marcas ou à moda, não era a louca dos objetos de decoração e utensílios de cozinha e nunca nem pensei em comprar a paleta de sombras da fulana de tal que saiu na semana passada – mas isso não quer dizer nada. Não sou uma pessoa melhor ou pior por conta disso. Quer dizer que sempre escolhi gastar o meu dinheiro com – vamos chamar – de outras prioridades.

Aqui vou ser obrigada a sair um pouquinho do assunto e falar que, apesar de ter orgulho por nunca ter tido problemas com consumismo, não ter estourado cartões de crédito ou de não me afundar em dívidas com bancos, os pontos citados acima transformaram-se em grandes dilemas na minha vida que provavelmente serão assuntos abordados em textos futuros aqui no blog – afinal de contas, cada escolha gera uma consequência e no fundo, temos que decidir com qual consequência queremos lidar.

O grande problema, é que sempre tive muita coisa. Mesmo sendo cautelosa com compras e ciente (até demais) que dinheiro não dava em árvore, prateleiras do meu guarda roupa eram completamente preenchidas por incontáveis vidros de perfume, quilos de maquiagens, acessórios à rodo como lenços e brincos, e lógico – muita roupa e sapato.

A verdade é que eu rotulava os itens com “posso precisar um dia”, mantinha roupas de anos atrás, comprava muito em brechós e lojas de desapegos – acreditando ser um ótimo negócio porque eu encontrava peças de qualidade , algumas praticamente novas, por um valor baixo e toda vez que eu via alguma loja que gostava em promoção (geralmente época de troca de coleção), acabava levando alguma coisinha.

Esses hábitos, somados ao evitar trocar presentes que eu não gostava e o pensamento do “eu posso arrumar espaço para guardar” acabaram fazendo com que eu ficasse com aquela sensação que eu tinha muito e ao mesmo tempo não tinha nada. Parecia que meu guarda roupa era cheio de coisas que não faziam sentido e que só brigavam entre si. Cores e tecidos que eu não gostava, peças que estavam grandes, pequenas ou que não combinavam mais com a minha personalidade porque fizeram parte da minha vida com 16 anos, e aos 23 eu já era uma outra pessoa.

Em 85% do tempo eu usava, não só, roupas e sapatos específicos que eram os que eu gostava de verdade, como os mesmos acessórios e os mesmos cosméticos. Eu tinha 12 perfumes mas gostava do cheiro de 2. Eu gostava de maquiagem, não usava todo dia mas tinha uma caixa cheia de produtos, alguns deles repetidos porque ia comprando um novo antes do antigo acabar, tubos de base com uma cor diferente da minha ou sombras com cores que eu não curtia. E aí – é lógico que – toda vez que eu tinha algum evento, escolhia pagar um profissional pra fazer uma maquiagem, porque eu não sabia usar metade das coisas que tinha naquela caixa – ou porque os produtos estavam secos e vencidos.

Por muito tempo juntei coisas que não gostava ou que não combinavam comigo. Tinha poucos critérios pra fazer uma compra, acabava me iludindo com promoções, liquidações e baixos preços dos produtos acreditando estar economizando, quando na verdade, gastava mais dinheiro com coisas que não faziam sentido e que eu não precisava, criando uma lista interminável de coisas que comprei e nunca usei.

Adquiri um estilo de vida minimalista por pura necessidade. Desapegar, doar, vender os meus bens não foi uma tarefa simples. Eu tinha um sentimento de culpa por ter que escolher entre manter um ou outro. Só que, a hora que entendi que ter poucas coisas, mas que eu gostasse, que fossem úteis e que estivessem completamente conectadas com a minha personalidade faria muito mais sentido e que o meu dinheiro seria investido de uma forma muito mais inteligente, tudo mudou.

Usar 90% das coisas que eu tenho é a consequência de uma mudança de hábitos aliada ao comprar de forma mais consciente, utilizando critérios que, para os não minimalistas, podem parecer – e são – absurdos.

Os parâmetros que eu utilizo vão de acordo com o meu estilo de vida, com o que eu acredito, com o quanto posso gastar e com o que considero como mínimo necessário de coisas para viver bem. E é por isso que o processo do tornar-se minimalista é tão particular para cada um. Não existe uma regra que funciona pra todo mundo porque temos realidades e possibilidades diferentes.

Nas próximas semanas você vai encontrar uma sequência de textos sobre o caminho que percorri para virar uma pessoa minimalista, quais são as minhas inspirações quando falamos sobre esse assunto, quais os meus critérios e como adquirir e gostar desse estilo de vida virou um aliado dos meus valores pessoais.

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4 comentários

  • Selene

    Me identifiquei super com o texto! Ao mesmo tempo que nunca tive muito problema com o consumismo (no quesito comprar milhões de coisas, ter necessidade de comprar algo, ou gastar o dinheiro que não tem kkk), e tendo a consciência de que não precisamos gastar tanto, comprar tanto, e sempre tentando ser mais sustentável… Ainda sim me vejo com um guarda roupa cheio, com roupas antigas que no momento atual da minha vida eu não uso mas sempre na minha mente vem aquela coisa que uma hora eu vou precisar e que minha vida hoje está incerta e não devo me desapegar de tudo kkkkkkkk eu já reduzi em muito meus gastos e minhas roupas mas mesmo assim não me identifico 100% com as minhas coisas, pois mudei muito. Acho que é muito um auto conhecimento, uma confiança, um amor próprio para entender que você não precisa de muito para viver. E é um caminho longo as vezes até chegar lá.

    • Helena Meyer

      Fiquei feliz da vida com teu comentário, Selene! Eu simplesmente AMO quando as pessoas se identificam com o conteúdo – esse é meu principal objetivo aqui! E sim! O processo de auto conhecimento pra poder desapegar e entender que precisamos de muito pouco pra viver, é longo caminho! Mas, acredito que todos temos o nosso tempo e a nossa forma de entender isso!

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