Relacionamentos

Pra que casar ?

Vamos partir do princípio que eu não conheço você. Não sei quais são os seus sonhos, com o que você trabalha, o quanto você ganha, quais são as suas despesas fixas e quanto dinheiro sobra. Não tenho informações sobre seus possíveis investimentos e as posses da sua família, assim como, não faço ideia se você não é a pessoa mais organizada do mundo com as suas finanças ou se segue à risca os ensinamentos de alguma religião.

Pra mim, as festas de casamento são o evento social mais emotivo que existe. Meus olhos se enchem de lágrimas quando toca aquela melodia suave e a noiva (ou noivo) caminha lentamente até o altar. Me emociono, de verdade, em ver duas pessoas que se amam tanto comemorando a sua união.

Eu amo a interação entre os convidados, participo sempre – e caio todas as vezes – na hora de pegar o buquê, e acho incrível a animação e esforço dos padrinhos e madrinhas com a gravata e o sapato pra tirar cada centavo possível da galera. Também sou fã da mesa de doces e, como me conheço bem, sei que poderia passar a noite sentada no bar experimentando drinks diferentes.

Não sei o que significa casamento pra você muito menos o que te levaria a fazer uma festa. E se você é um grande defensor desse evento, das valsas, do vestido branco, das fotos pré wedding, da renda e flor pra tudo que é lado, talvez não goste do que vai ler daqui pra baixo e provavelmente pense que eu não faço ideia do que eu estou falando, mas entenda que: minha intenção aqui, passa muito longe de fazer com que casais apaixonados que estão com toda sua festa planejada cancelarem os incontáveis contratos de serviços do grande dia – não quero que ninguém mude de ideia, principalmente, pra uma ideia minha, que cabe muito bem na minha realidade e com as coisas que eu acredito.

Eu tenho a impressão que algumas pessoas ficam tão submersas nesse mundo que se esquecem o que o casamento realmente significa – e muitas vezes, com quem estão se casando.

A minha família tem o histórico de pouquíssimas festas de casamento, aliás, nunca fui cobrada pra casar – só uma vez que minha avó me perguntou se eu achava que ela estaria viva para me ver entrando na igreja vestida de noiva – e, já que toquei no assunto, preciso falar sobre o casar para realizar o sonho de um terceiro.

Ter expectativas sobre a vida das outras pessoas e demonstrar tristeza pelo outro não seguir determinado passo como imaginamos que seria, é uma das coisas mais egoístas que fazemos. Nós não temos a obrigação de realizar o sonho de ninguém, não temos que viver de acordo com o que os outros esperam da gente, principalmente se essas expectativas envolvem o investimento do nosso tempo e do nosso dinheiro.

Você acha egoísta ? Cara eu me sinto na obrigação de te lembrar que, dificilmente, quando surgirem problemas no seu caminho (e acredite, em inúmeros momentos isso vai acontecer), o dreamer da sua vida perfeita estará ali para segurar a sua mão, pagar suas dívidas ou viver as provas que o destino reservou para você.

Por isso, deixa de lado o realizar o sonho do outro, seja tendo filhos, morando em tal cidade com um determinado padrão de vida, se formando em curso X da faculdade ou casando de uma forma super tradicional, porque quem vai viver com as consequências daquela escolha, é você.  Então, faça coisas que estão dentro dos seus planos.

Você já parou pra pensar porque é que casais que fazem um casamento civil extremamente discreto (aqueles que não contam pra ninguém) ou os que decidem morar juntos e ver no que dá, não são considerados casados ? Parece que a sociedade, no geral, precisa da comemoração, precisa ver a figura dos noivos, o salão decorado e toda aquela movimentação com os preparativos do grande dia. Porque é que a festa em si, vem como uma forma de validação e até como um marco / divisão entre o antes e o depois ?

Se eu tivesse que escrever uma lista de motivos pelos quais eu não quero me casar, com certeza, dinheiro estaria em primeiro lugar. O investimento que alguns casais fazem em um único dia é insano – as pessoas simplesmente gastam um dinheiro que elas não têm e geram uma dívida que leva meses, senão anos, para ser totalmente custeada.

Sempre que eu falo sobre esse dinheiro investido, gosto de trazer uma perspectiva de valores e prioridades. Fazer uma festa passa longe das minhas prioridades. O evento em si, pra mim, não tem valor nenhum, mas o propósito dele, tem. E como falamos nos primeiros parágrafos, pode ser que pra você, gastar o valor de um carro 0km com a janta de 100 pessoas faça todo sentido por uma questão de valores – pra mim, não faz.

Pra mim, usar esse dinheiro pra conhecer lugares, vivenciar novas experiências ou comprar um aspirador robô que facilita minha vida em 200% todo santo dia, é um investimento muito mais coerente – mas pode ser que você precise ter uma festa porque sonha com isso. Eu sonho com outras coisas – e tudo bem.

E convenhamos, provavelmente eu seria uma péssima noiva. Não sei andar de salto, teria muita dificuldade (muita mesmo) em fazer escolhas pro evento e com absoluta certeza, falaria na frente dos fornecedores que achei tudo muito caro.

Não quero ser obrigada a ter um festão ou ter a sensação que falta alguma coisa na minha vida por conta do que os outros acreditam, assim como, não quero perder horas dos meus dias preocupada em não engordar ou emagrecer demais pra entrar em um vestido. Não quero passar noites sonhando com tudo de errado que pode acontecer ou imaginando os convidados que não puderam comparecer de última hora.

Quero lembrar todos os dias ao lado da pessoa que eu amo o porque escolhemos ficar juntos. Quero colecionar momentos incríveis e poder recordar de todos com muito carinho. Dividir as alegrias e as tristezas, comemorar nossas conquistas e ser um apoio nos momentos em que as coisas não estiverem indo muito bem. Porque no final das contas, é isso que importa.

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