Relacionamentos

As pessoas que afastam pessoas

Antes de qualquer coisa, quero falar que cada um de nós tem a sua história de vida, seus motivos e os muros que precisou derrubar, ou erguer, ao longo da sua trajetória. É complicado julgar o outro, falar que ele está certo ou errado porque, na verdade, nós não sabemos a história completa. Temos trechos e informações isoladas sobre alguns acontecimentos e às vezes fazemos algumas especulações – mas na íntegra, sabemos apenas da nossa vida.

Esses dias em um perfil de textos do Instagram (não me recordo o @) li uma frase, que era algo mais ou menos assim “todos temos um pouco de toxicidade dentro de nós, mas a diferença é que algumas pessoas escolhem trabalhar isso, estar em constante evolução e ir entendendo, conforme o possível, quais são os seus pontos de melhoria – já outras, pensam que são assim e assim ficarão para sempre”.

Se tem uma coisa que eu to é extremamente longe de ser uma pessoa 100% evoluída. Acho que posso dizer que nos últimos anos comecei a me dedicar mais nisso – na busca sobre como ser um pouco melhor pra mim – e pros outros. Talvez, reconhecer as nossas falhas e procurar entender o que podemos fazer para mitigá-las, já seja um ótimo primeiro-pequeno passo.

Tenho nuances de toxicidade na minha personalidade – nuances que, pra ser sincera com você, não me agradam nem um pouco. De alguns anos pra cá, finalmente comecei a entender que se eu não tratasse as outras pessoas um pouquinho diferente do que era costume, principalmente as pessoas certas – ficaria sozinha.

Quis trazer esse assunto aqui pro blog porque ao longo dos meus quase 27 anos, encontrei com diversas pessoas que nunca buscaram por um pingo de crescimento pessoal.

Sabe aquelas pessoas que vivem trocando de círculo social? Que não cultivam grandes amizades e que sempre dizem “não saberem o que acontece porque simplesmente todo mundo vai embora”. Pessoas que sempre tem razão – e que fazem de tudo para mostrar como o seu ponto é sempre o que faz mais sentido. Que tudo que elas compram é mais interessante. Que tudo que elas fazem, é melhor.

Pessoas que afastam as outras pessoas de si mesmas.

Esse feeling do olhar pra dentro de si e admitir pro mundo que existe sim alguma coisa errada sobre como estamos levando nossos relacionamentos e nossa forma de viver, é uma merda. Se colocar por opção própria numa posição de fraqueza onde precisamos ser honestos conosco e com quem nos cerca – sobre estarmos fazendo algo que não está tão legal assim e que seria importante rever, pra ontem, o nosso comportamento – é difícil.

É quando nos damos a oportunidade de rever a maneira que estamos conduzindo determinados vieses da nossa trajetória, que evitamos uma vida inteira daqueles pequenos problemas que nunca são, de fato, resolvidos nos nossos relacionamentos. E revendo o que estamos fazendo e como tratamos os outros, é que evitamos anos de solidão. Evitamos relacionamentos que parecem essenciais, mas que, na verdade, são vazios.

Por inúmeros motivos, nos sentimos na obrigação de manter certas conexões. Conexões essas que parecem viver exigindo que relevemos suas atitudes e palavras, que precisamos pisar em ovos toda vez que fazemos algum tipo de comunicação – porque elas se doem com tudo. E o pior – pessoas que precisamos nos desculpar, por conta de suas ações, com terceiros – porque ofendem e magoam quem não tem nada a ver com as suas loucuras.

Conviver com aqueles que falam e fazem tudo o que pensam – sem filtros – porque se consideram os donos do mundo – e por conta disso estragam tudo que existe ao seu redor – é insustentável.

À medida que a vida passa e que vamos entendendo melhor algumas coisas, fica claro que empurramos muitas situações com a barriga. A gente não quer se indispor, principalmente porque essas pessoas são do nosso convívio – são pessoas próximas.

E talvez por isso doa tanto. Porque são pessoas próximas.

A política da boa vizinhança acaba falando mais alto e optamos por evitar (mais) desgastes desnecessários – afinal de contas, alguém precisa ser o ponto de equilíbrio – alguém precisa saber como conduzir essas situações.

Acontece que nós não temos a obrigação de sustentar as infelicidades e inseguranças alheias. Temos uma tendência a isso e nos esforçamos para manter as coisas sempre o mais calmas possíveis, mas uma hora a conta chega. A conta chega para nós – e para eles.

Que saibamos lidar com o que é de nossa responsabilidade, entender e respeitar os nossos limites como pessoas dentro dos nossos relacionamentos. Que a gente descubra qual é a melhor maneira de falar aqueles nãos que são essenciais para ficarmos em paz – e para lidarmos com aquilo que realmente precisamos lidar.  Mas acima disso – que a gente se esforce pra deixar nosso ego de lado e reflita – com a mente aberta – sobre nossos erros – como agimos em determinados cenários e como podemos ser um pouquinho melhores.

Não seja alguém que repele tudo e todos à sua volta.

Os outros não têm nada a ver com os nossos dias ruins, com o nosso mau humor, com as nossas crises e muito menos com o nosso ranço.

Gosta dos meus textos? Que tal deixar um comentário aqui em baixo?! 🙂 Adoro conhecer e conversar com as pessoas que acompanham o que eu escrevo. Aproveita pra me seguir lá no Instagram @ahelenameyer_ – os textos do blog geralmente viram reflexões menores lá no feed!

Imagem de capa autoral de Chris Curry,  retirada do banco de imagens gratuito e público Unsplash. Disponível no link

2 comentários

  • Gustavo

    Adorei o texto ! Não sei se já conhece, mas recomendo muito a leitura de 12 Regras para a Vida de Jordan B. Peterson !! Ele já tem falado muito sobre o que abordou aqui a anos. Se você entender a língua inglesa, recomendo mais ainda que procure por ele no YouTube, não vai se arrepender ! Adoro a forma como escreve, é leve, me transmite paz.

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